quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Poetando

O pirilampo



Um pirilampo indiscreto,

esperto,
sem pedir licença,
se pôs a contemplar-te
deitada no teu leito:
"- Como és linda!", disse ele.
O pirilampo indiscreto,
esperto,
teve o fado 
que me é negado.
E pôde banhar-te
com sua delicada luz,
vislumbrando na fosforescência
do aveludado de teu corpo
a lascívia de tuas formas, 
a beleza única de teus contornos.
Tu, qual Vênus pronta a se entregar
aos ansiados braços 
de um Morfeu sedento...
Oh! O que eu não daria 
para ser o pirilampo!
E ver-te, e admirar-te, 
e desejar-te - e te querer! -,
e sentir teu hálito
num abraço-espasmo
longo, duradouro, 
fundindo corpos,
entrelaçando almas,
para, enfim,
na exaustão do amor, 
depositar na maciez sensual
de tua boca rósea
o ósculo santo da paixão
definitiva.
E depois,
beijar teus olhos semicerrados,
suavemente, ternamente,
e velar teu sono, 
e segredar-te sussurrando
tudo aquilo que a uma deusa
se deve dizer ajoelhado.

Mas eu não sou o pirilampo...




* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
Lúcio José Gusman +

Fim de cupons desconto


Ainda sobre oc cupons desconto...
Pela nova regra, a proteção do sigilo profissional veda ao médico o preenchimento de qualquer espécie de cadastro, formulário, ficha, cartão de informações ou documentos assemelhados que permita o conhecimento de dados exclusivos do atendimento. A íntegra da resolução está disponível no Portal Médico (http://www.cfm.org.br/), no item legislação.
Confira os principais pontos da Resolução 1939/2010:
Art. 1º É vedado ao médico participar, direta ou indiretamente, de qualquer espécie de promoção relacionada com o fornecimento de cupons ou cartões de descontos aos pacientes, para a aquisição de medicamentos.
Parágrafo único. Inclui-se nessa vedação o preenchimento de qualquer espécie de cadastro, formulário, ficha, cartão de informações ou documentos assemelhados, em função das promoções mencionadas no /caput/ deste artigo.

CFM proíbe médicos de dar cupons e vales-desconto

*CFM proíbe médicos de dar cupons e vales-desconto*

*Prática é comum principalmente para medicamentos de médio e alto custo*

*Para o Conselho Federal de Medicina, método que serve para fidelizar
pacientes e médicos a certas marcas esbarra no Código de Ética *

 O CFM (Conselho Federal de Medicina) proibiu médicos de distribuir cupons e vales-desconto aos pacientes para a compra de medicamentos. A decisão será publicada hoje no "Diário Oficial da União".


O preço "camarada" é oferecido hoje principalmente para aquisição de remédios de médio e alto custo. Para o conselho, porém, esse método de fidelização de pacientes e dos médicos a determinadas marcas esbarra no Código de Ética.


De acordo com o texto, obtido pela *Folha*, "o médico, ao se inserir como peça indispensável para esse tipo de promoção de vendas da indústria farmacêutica, exerce a medicina como comércio, atuando em interação com o laboratório".


As relações duvidosas entre médicos e a indústria farmacêutica vêm sendo combatidas pelo CFM e até pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que recentemente proibiu laboratórios de dar brindes aos médicos.


O objetivo é evitar que "mimos" como reformas de consultórios e patrocínio de viagens turísticas, por exemplo, sejam recompensados pelo médico com a prescrição costumeira de determinada marca de medicamento -às vezes desnecessária.


Essas práticas já são condenadas pelo Código de Ética Médica, que é bastante genérico. Segundo Carlos Vital, vice-presidente do CFM, contudo, às vezes é preciso criar novas normas para não deixar dúvidas.
"Observa-se um aumento desse tipo de procedimento [fornecimento de vale-desconto]. A fidelização de marcas é uma prática de interesse mercadológico", afirma, explicando o motivo da nova resolução.


Pelo texto, o médico fica proibido também de participar desse tipo de promoção de forma indireta, por exemplo, divulgando a existência de determinado programa de bônus.

*Preço*
A nova regra causa temor em pacientes que hoje utilizam os descontos oferecidos. A jornalista Fabiana Barros conta que sua mãe, Maria Emília de Barros, 64, compra um medicamento para tratamento de Alzheimer por R$ 270 com um vale-desconto dado por seu médico. O produto, cujo princípio ativo é
o cloridrato de donepezila, custa R$ 438.


"Espero que o produto fique com um preço médio, pois minha mãe não pode parar de tomar esse remédio. E pagar o preço dele sem desconto vai ser muito difícil", afirma.


Esse desconto de forma exclusiva aos pacientes que recebem o bônus é criticado por Vital. Ele opina que, se é possível oferecer um valor mais baixo a alguns pacientes, ele deveria ser adotado para todos.
Outra crítica feita pelo médico às promoções é o fato de os bônus serem preenchidos pelos pacientes com seus dados. De posse deles, o laboratório sabe os dados do paciente, sua doença, a prescrição que lhe foi dada e qual o médico. É uma forma de conhecer o mercado e até montar estratégias com base nesse tipo de informação.


Ainda de acordo com Vital, o novo Código de Ética Médica, a ser publicado nesse ano (em substituição ao atual, de 1988), também trata de forma genérica a questão da interação entre médicos e laboratórios. Ele não trará proibição específica sobre recebimento de brindes, mas vetará a obtenção de vantagens financeiras pela comercialização de medicamentos.

*Laboratórios*
A *Folha* procurou ontem o Sindusfarma, entidade que representa os laboratórios no Estado de São Paulo, que preferiu não comentar o tema. A Febrafarma, que até o ano passado representava a indústria farmacêutica, já não existe.

*MÁRCIO PINHO*
DA Folha

Caso clínico 1

Caso Clinico 1                                                                    


Dr. Dourado recebe paciente em seu consultório apresentando quadro de hérnia inguinal indireta unilateral. Programada cirurgia para dois dias seguintes à consulta. Paciente chegará no Hospital uma hora antes do procedimento. Solicitado exames de sangue (Hematócrito, Hemoglobina, Hematimetria).

            No dia da cirurgia, paciente se atrasa. Cirurgião e Anestesista, Dra. Angélica, o aguardam no centro cirúrgico. Em rápida entrevista, a anestesista colhe os seguintes dados :

            ARS, 67 anos , branco, casado, natural de Barbacena, bancário aposentado, portador de hipertensão arterial sistêmica, prótese valvular aórtica metálica há 10 anos por doença degenerativa, depressão menor, hérnia inguinal indireta unilateral.  Em uso de Amlodipina (Norvasc®), Hidroclorotiazida (Drenol®), Imipramina (Tofranil®) e Warfarina (Marevan®). Exames laboratoriais solicitados pelo cirurgião dentro da normalidade. Não faz controle cardiológico há cerca de um ano. Não possui exames recentes para controle da coagulação sanguínea.

Perguntas :
1)    Quais seriam os exames mínimos para avalição pré-operatória ?
2)    A avaliação cardiológica seria necessária ?
3)    A internação se deu em tempo adequado ?
4)    Quais seriam as repercussões dos medicamentos em uso em relação às técnicas anestésicas ?
5)    Qual seria a conduta mais adequada ?

SÍNDROME DE IMPLANTE DE CIMENTO ÓSSEO

SÍNDROME DE IMPLANTE DE CIMENTO ÓSSEO
Pablo B Gusman*
Natal, CBA 2007


Introdução– O tratamento de fraturas de quadril objetiva o alívio da dor e a manutenção ou restauração do movimento. Por se tratar na maioria de doentes senis, algumas complicações indesejáveis podem ocorrer relativas à técnica e doenças associadas. 
Relato do Caso– Paciente de 80 anos, fratura de colo de fêmur, ICC grave, arritmias ventriculares, AVC isquêmicos, cifoescoliose. Monitorada com cardioscopia em D2-V, PANI, saturação de oxigênio (SatO2). Cursando com extrassístoles ventriculares, PA=180 x 100 mmhg, SatO2 92% em ar ambiente. Punção venosa 16 G em MSE. Programado duplo bloqueio. Em posição sentada, punção L2-L3 e L3-L4 com agulha 18G sem sucesso. Optado por raquianestesia com agulha 25G, mas sem sucesso. Paciente apresentando quadro de hipotensão, palidez cutâneo-mucosa, sudorese, queda do nível de consciência. Melhora à hidratação venosa e Efedrina 10 mg EV. Opção por anestesia geral venosa e inalatória. Indução com Fentanil, Etomidato, Atracúrio. IOT sem intercorrências, tubo 8,0, sem alterações hemodinâmicas significativas. Ato cirúrgico evoluiu sem intercorrências, perda sanguínea estimada em 400 ml, hemodinamicamente estável, SatO2 > 95%, diurese 1 ml/kg/hora. Após administração do cimento ósseo, paciente apresentou quadro de hipotensão, tratada com efedrina em duas administrações de 10 mg, cursando com bradicardia sinusal. Administrado atropina 1 mg, mantendo hipotensão e bradicardia. Instalado Dopamina doses α e β. Parada cardíaca em atividade elétrica sem pulso. Iniciadas manobras de reanimação, mantido Dopamina dose α. Feito adrenalina. Reversão para ritmo de taquicardia sinusal, com extrassístoles ventriculares freqüentes. Instalado Lidocaína em infusão contínua, após bolus inicial. Mantida em ventilação mecânica controlada, FIO2 100%, infusão de Dopamina doses α e β, apresentando PA = 190 x 110 mmHg, taquicardia sinusal, SatO2 98%. Transcorridos 30 minutos após episódio de hipotensão inicial, paciente apresentando BAVT, ritmo de 30 bpm e novo episódio de hipotensão refratário ao uso de Dopamina e Efedrina. Iniciadas manobras de reanimação. Passado marcapasso intracavitário por punção de veia subclávia esquerda, sem resposta mecânica a estímulo elétrico. Constatado óbito 1 hora e 30 minutos após instalação do cimento intraósseo. 
Conclusão: Alergia ao cimento ósseo polimetil metacrilato ou a seus componentes é comum, associado à morbidade dos pacientes senis candidatos ao seu uso. A identificação de pacientes alérgicos pode ajudar a prever graves acidentes. 
Referências – 1. Kaplan K et alli. Preoperative identification of a Bone-Cement Allergy in a patient undergoing total knee arthroplasty. Journal of Arthroplasty,2002;17(6):788-91.  

Infradesnivelo de ST após trauma em paciente usuário de cocaína.

Infradesnivelo de ST após trauma em paciente usuário de cocaína. 
Pablo B Gusman*
Natal, CBA 2007

Introdução
: A intoxicação aguda por cocaína e o atendimento médico de urgência representam uma realidade nos serviços de trauma. Em alguns casos, a avaliação pré-anestésica não pode ser feita de forma adequada em função da gravidade do caso. A intoxicação por cocaína diminui a recaptação de noradrenalina na fenda sináptica, aumentando a ação do sistema nervoso simpático. Por potencialização de efeito, pacientes jovens podem sofrer taquiarritmias, hipertensão arterial severa e isquemia do miocárdio por vasoconstrição coronariana. 
Relato de Caso: Paciente masculino, 18 anos, deu entrada na sala operatória em choque hipovolêmico, torpor, hipoxemia, hipotermia por lesão de projetil de arma de fogo em veia femoral. Monitorizado com cardioscopia em D2 e V, pressão arterial invasiva, oximetria de pulso, venóclise 16G e 14G em MMSS. Apresentando PAM=50 mmHg, saturação 85% em ar ambiente, FC: 110 bpm. Sem informações quanto à história patológica pregressa e jejum. Indução venosa rápida com Fentanil, Cetamina e Rocurônio. Manutenção com Isoflurano 1,5%. IOT com tubo 8,0 em manobra de Sellick. Ventilação mecânica controlada a volume, FIO2 100%. Paciente apresentando taquicardia sinusal, FC 135 bpm, melhora da pressão arterial média, atingindo valores acima de 80 mmHg, saturação de oxigênio maior que 94%, FIO2 100%. Após manutenção de freqüência cardíaca maior que 130 bpm por 5 minutos, cursando com infradesnivelo de ST e inversão de onda T em ambas as derivações, levando a queda da pressão arterial média em 20%. No momento, optado por administração de bolus de fentanil e beta-bloqueador, suspensa anestesia inalatória, colhido gasometria arterial, hemograma, glicemia e eletrólitos. Iniciado transfusão de glóbulos sob pressão positiva. Após diminuição de freqüência cardíaca e aumento da pressão arterial, houve normalização de alteração de eletrocardioscopia. Exames colhidos antes de transfusão e após o evento evidenciaram anemia com hemoglobina de 6,9 g/dl. Após 2 horas de procedimento cirúrgico, paciente apresentou-se hemodinamicamente estável, sem alteração eletrocardiográfica, extubado e encaminhado à UTI, ECG próximo da normalidade. Paciente referiu ter feito uso de cocaína minutos antes do trauma. 
Conclusão: A associação do uso de cetamina à indução, hipovolemia, anemia e uso de cocaína levaram a vasoconstrição coronariana, sendo representada pelo alteração à cardioscopia. Mesmo em pacientes jovens, as conseqüências podem ser fatais caso não se suspeite e diagnostique prontamente, proporcionando conduta adequada para o caso.  Referências – 1 - Williams MJ, Stewart RA. Serial angiography in cocaine-induced myocardial infarction. Chest 1997;111;822-824.