quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Poetando

O pirilampo



Um pirilampo indiscreto,

esperto,
sem pedir licença,
se pôs a contemplar-te
deitada no teu leito:
"- Como és linda!", disse ele.
O pirilampo indiscreto,
esperto,
teve o fado 
que me é negado.
E pôde banhar-te
com sua delicada luz,
vislumbrando na fosforescência
do aveludado de teu corpo
a lascívia de tuas formas, 
a beleza única de teus contornos.
Tu, qual Vênus pronta a se entregar
aos ansiados braços 
de um Morfeu sedento...
Oh! O que eu não daria 
para ser o pirilampo!
E ver-te, e admirar-te, 
e desejar-te - e te querer! -,
e sentir teu hálito
num abraço-espasmo
longo, duradouro, 
fundindo corpos,
entrelaçando almas,
para, enfim,
na exaustão do amor, 
depositar na maciez sensual
de tua boca rósea
o ósculo santo da paixão
definitiva.
E depois,
beijar teus olhos semicerrados,
suavemente, ternamente,
e velar teu sono, 
e segredar-te sussurrando
tudo aquilo que a uma deusa
se deve dizer ajoelhado.

Mas eu não sou o pirilampo...




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Lúcio José Gusman +

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