quarta-feira, 26 de junho de 2013

Lideranças médicas anunciam mobilização nacional contra proposta do Governo

Lideranças médicas anunciam mobilização nacional contra proposta do GovernoImprimirE-mail
Qua, 26 de Junho de 2013 16:59
No próximo dia 3 de julho, médicos de todo o país realizam o dia nacional de mobilização contra a importação de médicos formados fora do Brasil sem a revalidação do diploma. Esta é uma das ações anunciadas nesta quarta-feira (26), durante assembleia realizada em São Paulo e que reuniu cerca de 200 lideranças médicas de todo o país. Durante o encontro, que contou com membros do Conselho Federal de Medicina (CFM) e conselhos regionais, foi elaborada uma Carta Aberta aos médicos e à população brasileira, que explica: “a reação das entidades médicas simboliza a resistência dos profissionais e dos cidadãos ao estado de total abandono que afeta a rede pública”.
“As decisões anunciadas pelo Governo que afetam a saúde pública brasileira demonstram a incompreensão das autoridades ao apelo manifesto nas ruas”, aponta o documento. Como solução para o problema da falta de profissionais de saúde em áreas remotas e nas periferias, as lideranças médicas anunciaram o esforço conjunto pela aprovação imediata da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 454/2009, que cria a carreira médica nos serviços públicos federal, estadual e municipal, semelhante à de juízes e promotores. Segundo as lideranças, a medida evitaria a necessidade de importação de médicos sem aprovação do Revalida e, dessa forma, zelaria pela saúde da população.
No documento, os representantes de conselhos, associações, sindicatos e sociedades de especialidades médicas também esclareceram que as medidas que deverão ser colocadas em prática não deverão, sob nenhum aspecto, penalizar o paciente, “já tão prejudicado pelo abandono do Governo”. 
Outra novidade anunciada será o lançamento, na próxima semana, do site SOS Saúde (www.sossaude.org.br), onde médicos, profissionais da saúde e a população poderão apresentar denúncias (com relatos, fotos e filmes). Este será um espaço público para divulgar a situação precária da rede pública em todo o país. 
Confira abaixo a carta aberta aos médicos e à população brasileira.
OS MEDICOS NA LUTA EM DEFESA DA SAÚDE PÚBLICA
As decisões anunciadas pelo Governo que afetam a saúde pública brasileira demonstram a incompreensão das autoridades ao apelo manifesto nas ruas. A vinda de médicos estrangeiros e a abertura de mais vagas em escolas médicas são medidas irresponsáveis, por expor a parcela mais carente e vulnerável da nossa população a profissionais mal formados e desqualificados. 
A reação das entidades médicas simboliza a resistência dos profissionais e dos cidadãos ao estado de total abandono que afeta a rede pública. Não é possível acreditar que medidas midiáticas dessa ordem resolverão o acesso e a qualidade do atendimento nos serviços de saúde. Não se trata de ação corporativista, mas corporativa, no sentido de unir a força das entidades em prol do bem comum e da vida dos brasileiros. 
Por isso, nesta terça-feira (26), os representantes de conselhos, associações, sindicatos e sociedades de especialidades médicas, reunidos em São Paulo, decidiram por consenso intensificar a luta em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e pelas condições para o pleno exercício da Medicina. Portanto, seguem medidas que deverão ser colocadas em prática e que, sob nenhum aspecto, querem a penalização do paciente, já tão prejudicado pelo abandono do Governo. Dentre as ações constam: 
1) Mobilização nacional dos médicos e da sociedade no dia 3 de julho (quarta-feira) em defesa do SUS e da Medicina de qualidade. Estão previstos passeatas, protestos, caminhadas, atos públicos e assembleias em todos os Estados para alertar a população para o problema. Locais e horários serão divulgados pelas entidades estaduais;
2) Apoiar a aprovação urgente da PEC 454 em tramitação na Câmara dos Deputados, que prevê uma carreira de Estado para o médico (semelhante ao que ocorre no Judiciário), único caminho para estimular a interiorização da assistência com a ida e fixação de médicos em áreas de difícil provimento; 
3) Incentivar a coleta de 1,5 milhão de assinaturas para tornar viável a apresentação do Projeto de Lei de Iniciativa Popular Saúde + 10, que prevê mínimo de 10% da receita bruta da União em investimentos na saúde; 
4) Defender a derrubada do Decreto Presidencial 7562, de 15 de dezembro de 2011, que modificou a Comissão Nacional de Residência Médica, tornando-a não representativa e refém dos interesses do Governo, o que sucateou a formação de médicos especialistas no país;
5) Atuar contra a importação de médicos estrangeiros sem revalidação de seus diplomas com critérios claros e rigorosos, conforme a prática mundial e o previsto na legislação vigente. Defendemos o uso do Programa Revalida, do Governo Federal, em seus moldes atuais; 
6) Vistoriar as principais unidades de saúde do país, encaminhando denúncias ao Ministério Público e outros órgãos de fiscalização, revelando a precariedade da infraestrutura de atendimento que afeta pacientes e profissionais.
As entidades médicas informam que nesta semana estará disponível o site SOS Saúde (www.sossaude.org.br), onde médicos, profissionais da saúde e a população poderão apresentar denúncias (com relatos, fotos e filmes). Este será um espaço público para divulgar a situação precária da rede pública em todo o país. 
Finalmente, as entidades declaram o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, como persona non grata para a sociedade por adotar medidas eleitoreiras que colocam em risco a vida e a saúde dos brasileiros. 
São Paulo, 26 de junho de 2013.
ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA (AMB)
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE MÉDICOS RESIDENTES (ANMR)
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM)
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS MÉDICOS (FENAM)

Euroanesthesia disponibiliza suas aulas em audio e video!


É sócio da Sociedade Européia de Anestesiologia?
Então aproveite a oportunidade de assistir em video no formato ppt com seu audio as aulas do Euroanesthesia 2013!
Excelente oportunidade de ver o que não deu tempo no evento pelas aulas concomitantes.


Na Jornada Virtual de Anestesia 2013 você vai poder assisitir as aulas ao vivo e interagir com os palestrantes. Mas também vai poder vê-las posteriormente quantas vezes quiser... simples assim! 1000 anestesistas conectados ao vivo e um número ilimitado de visualizações on line.

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@anest_virtual



domingo, 23 de junho de 2013

A SAÚDE PÚBLICA E A VERGONHA NACIONAL



A SAÚDE PÚBLICA E A VERGONHA NACIONAL
Há alguns anos, a presidente Dilma Rousseff foi vítima de grave problema de saúde. O tratamento aconteceu em centros de excelência do país e sob a supervisão de homens e mulheres capacitados em escolas médicas brasileiras. O povo quer acesso ao mesmo e não quer ser tratado como cidadão de segunda categoria, tratado por médicos com formação duvidosa e em instalações precárias.


Por isso, a Associação Médica Brasileira (AMB), a Associação Nacional de Médicos Residentes (ANMR), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) manifestam publicamente seu repúdio e extrema preocupação com o anúncio de “trazer de imediato milhares de médicos do exterior”, feito nesta sexta-feira (21), durante pronunciamento em cadeia de rádio.


O caminho trilhado é de alto risco e simboliza uma vergonha nacional. Ele expõe a população, sobretudo a parcela mais vulnerável e carente, à ação de pessoas cujos conhecimentos e competências  não foram devidamente comprovados. Além disso, tem valor inócuo, paliativo, populista e esconde os reais problemas que afetam o Sistema Único de Saúde (SUS).


Será que os “médicos importados” - sem qualquer critério de avaliação ou com diplomas validados com regras duvidosas - compensarão a falta de leitos, de medicamentos, as ambulâncias paradas por falta de combustível, as infiltrações nas paredes e as goteiras nos hospitais? Onde estão as medidas para dotar os serviços de infraestrutura e de recursos humanos valorizados? Qual o destino dos R$ 17 bilhões do orçamento do Governo Federal para a saúde que não foram aplicados como deveriam, em 2012? Porque vetaram artigos da Emenda Constitucional 29, que se tivesse colocada em prática teria permitido uma revolução na saúde?


Os protestos não pedem “médicos estrangeiros”, mas um SUS público, integral, gratuito, de qualidade e acessível a todos. É preciso reconhecer que é a falta de investimentos e a gestão incompetente desse sistema que afastam os médicos brasileiros do interior e da rede pública, agravando.  Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), os Governos de países com economias mais frágeis investem mais que o Brasil no setor. Na Argentina, o percentual de aplicação fica em 66%. No Brasil, esbarra em 47%. O apelo desesperado das ruas é por mais investimentos do Estado em saúde. É assim que o Brasil terá a saúde e os “hospitais padrão Fifa”, exigidos pela população, e não com a “importação de médicos”.


A AMB, a ANMR, o CFM e a Fenam – assim como outras entidades e instituições, os 400 mil médicos brasileiros e a população conscientes da fragilidade da proposta de “importação” – não admitirão que se coloque em risco o futuro de um modelo enraizado na nossa Constituição e a vida de nossos cidadãos. Para tanto, tomarão tomas as medidas possíveis, inclusive jurídicas, para assegurar o Estado Democrático de Direito no país, com base na dignidade humana.


ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA (AMB)
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE MÉDICOS RESIDENTES (ANMR)
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM)
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS MÉDICOS (FENAM)

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Euroanaesthesia 2013 Photo Contest Winners

Euroanaesthesia 2013 Photo Contest Winners

O concurso compreendeu as seguintes categorias e os finalistas foram: 
  • PEOPLE giving anaesthesia
  • the PLACES they work
  • SCIENCE in anaesthesia
  1. Alexander Milde, Germany
  2. Helmar Bornemann-Cimenti, Austria
  3. Chen-Hwan Cherng, Taiwan
  4. A. Lavinius Ungur, Germany
  5. Marcos Balbino, Brazil
  6. Gintas Amankavicius, Lithuania
  7. Zeltia Muñoz Cociña, Spain
  8. Ram Roth, United States
  9. Alexey Bukarev, Russia
  10. Laura Puertas, Spain

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Euroanesthesia 2013, Ultrasound guided regional anaesthesia, what’s new?

Ultrasound guided regional anaesthesia - what’s new?
Peter Marhofer, Vienna, Austria, à direita
Olivier Choquet, Marseille, France, à esquerda

Na sessão, ‘Ultrasound guided regional anaesthesia - what’s
new?‘, a primeira apresentação ‘The Most Recent Developments in
Ultrasound Technology’ foi feita por Dr Peter Marhofer, Professor
of Anaesthesia and Intensive Care Medicine at Medical University of
Vienna, Austria. "Ultrassom ganhou enorme interesse para todas as especialidades médicas nos últimos tempos. Anestesistas usam ultrassom para anestesia regional, colocação de linhas intravasculares, ecocardiografia perioperatória e avaliação rápida de trauma abdominal e torácico ", disse Marhofer. "Avanços técnicos permitiram uma utilização mais ampla de procedimentos e métodos de diagnóstico na prática clínica diária ".

Professor Marhofer falou sobre uma gama de avanços técnicos do ultrassom em sua apresentação, incluindo: ecografia bidimensional de alta resolução; ultrassom tridimensional; tempo real tridimensional (quadridimensional) de ultrassom; posicionamento de sistema global (GPS) para melhor orientação da agulha; melhor visualização agulha para melhorar visualização da agulha bidimensional, maior freqüência de ultrassom entre 30 e 80 MHz e elastografia da onda de cisalhamento (a medição quantitativa da elasticidade do tecido local, o que está bem estabelecido no câncer da mama).

Alguns desses desenvolvimentos técnicos são puramente experimentais (ultrassom em quatro dimensões, GPS, freqüência mais alta) e alguns precisam de aplicações práticas para anestesistas (tridimensional, a elastografia da onda de cisalhamento). "Todas estas técnicas estão diretamente associados com a demanda por excelentes habilidades manuais e um alto nível de educação e formação ", diz Marhofer. "Futuros estudos experimentais e clínicos bem desenhados irão mostrar se algumas dessas técnicas encontrarão o seu caminho na prática clínica. Além disso, todas as técnicas acima são, do ponto de vista atual, dispendiosas e necessitam de uma exata avaliação econômica. Finalmente, a possível aplicação prática das novas tecnologias exige um cuidado no equilíbrio entre vantagens clínicas claras e potenciais desvantagens ", conclui.

Estamos bem distantes da realidade de uso até mesmo dos aparelhos atuais pela falta de formação suficiente no Brasil, pela dificuldade de retorno de todo o investimento financeiro na compra dos equipamentos pelos serviços privados e por falta de equipamentos ofertados pela indústria no Brasil. Foram cerca de uma dezena de empresas diferentes com aparelhos específicos expostos no setor de exposições!

Dr. Oliver Choquet (Hospital Universitário de Montpellier, França) apresentou na segunda
parte da sessão a aula intitulada '3 D/4D - útil para anestesia regional?

A ultrassonografia bidimensional em tempo real é, sem dúvida, uma dos maiores evoluções no campo das técnicas de anestesia regional para bloqueios nervosos periféricos e anestesia neuraxial. Ultrassonografia em 3D pode fornecer mais informação anatômica detalhada e melhor orientação espacial de que o bidimensional. Ultrassonografia 4D melhora a visualização de uma anatomia especial e oferece avaliação em tempo real da dispersão do anestésico local durante a anestesia regional guiada pelo ultrassom.

"Durante a última década, o desenvolvimento da tecnologia nos EUA permitiu utilização de USG 3D/4D para aplicações clínicas, especialmente nas áreas de obstetrícia, cardiologia, medicina vascular e, mais recentemente anestesia ", diz Choquet. Hoje em dia, estações de ultrassom  oferecem tecnologia de imagem 3D/4D de alta performance como um modo ativo, com a aquisição de volume mais fácil e alta qualidade de imagem. Sondas mecânicas 3D estão disponíveis em vários sistemas, porque eles são mais rentáveis comparado-se com os atuais da geração 2D matriz-matriz. No futuro previsível, transdutores matriz-matriz que ainda estão sendo desenvolvidos são susceptíveis de constituir o meio predominante de aquisição de volume.

Imagens 3D referem-se às dimensões espaciais enquanto 4D refere-se a três dimensões espaciais associadas à dimensão de tempo (isto é, movimento). Enquanto ultrassonografia 2D permitem a percepção espacial da anatomia, comumente na transversal ou planos sagitais, a ultrassonografia 3D pode fornecer imagens adicionais de nervos e tecidos circundantes. Visualizar estruturas à partir de perspectivas originais pode melhorar a compreensão de uma determinada anatomia. Imagiologia 4D pode proporcionar visualização em tempo real de uma agulha, cateter ou a distribuição do volume em locais de
anestesia por várias imagens e planos sem qualquer movimento do transdutor.

Fonte: Euroanesthesia 2013

Euroanesthesia 2013, Exposure to general anaesthesia could increase the risk of dementia in elderly patients

Exposure to general anaesthesia could increase the risk of dementia in elderly by 35%

Francois Sztark - Bordeaux , France

A exposição à anestesia geral aumenta o risco de demência em idosos em 35%, pela pesquisa do Dr. François Sztark, INSERM e Universidade de Bordeaux, França.

Disfunção cognitiva ou POCD pode ser associada com demência vários anos mais tarde. POCD é uma complicação comum em pacientes idosos após cirurgia de grande porte. Tem sido proposto que existe uma associação entre POCD e o desenvolvimento de demência devido a um mecanismo patológico comum através do β peptídeo amilóide. Vários estudos experimentais sugerem que alguns anestésicos podem promover inflamação dos tecidos neurais que levam a POCD e ou doença de Alzheimer (DA), incluindo placas de β-amilóide e emaranhados neurofibrilares. Mas permanece incerto se POCD pode ser um precursor da demência.

Neste novo estudo, os pesquisadores analisaram o risco de demência associada à anestesia em uma coorte de base populacional de idosos (com 65 anos ou mais) em potencial. A equipe utilizou dados do estudo de três cidades, desenhado para avaliar o risco de demência e declínio cognitivo devido a fatores de risco vascular. Entre 1999 e 2001, o estudo 3C incluiu 9.294 residentes com 65 anos ou mais em três cidades francesas (Bordeaux, Dijon e Montpellier).

Os participantes com 65 anos ou mais foram entrevistados no início do estudo e, posteriormente, 2, 4, 7 e 10 anos após. Cada exame incluiu uma avaliação cognitiva completa com o rastreio sistemático de demência. A partir do acompanhamento de 2 anos, 7.008 participantes sem demência foram convidados a seguir o follow-up se eles tivessem uma história de anestesia (anestesia geral (GA) ou local / anestesia loco-regional (LRA)) desde o último acompanhamento. Os dados foram ajustados para ter em conta os potenciais fatores de confusão como status socioeconômico e comorbidades.

A idade média dos participantes foi de 75 anos e 62% eram mulheres. No 2 anos de follow-up, 33% dos participantes (n = 2309) relataram uma anestesia ao longo dos dois anos anteriores, com 19% (n = 1333) relatando uma GA e 14% (n = 948) a LRA. Um total de 632 (9%) participantes desenvolveram demência durante os 8 anos seguintes de acompanhamento, entre eles 284 provável DA e 228 DA possível, e os restantes, 120 com demência não-Alzheimer. Os pesquisadores descobriram que pacientes com demência eram mais propensos a ter recebido anestesia (37%) do que os pacientes sem demência (32%). Esta
diferença da anestesia foi devido a diferença nos números de pacientes que receberam anestesia geral, com 22% de pacientes dementes  relatando um GA em comparação com 19% dos pacientes não dementes. Após o ajuste, os participantes com pelo menos uma GA sobre o follow-up teve um 35% maior risco de desenvolver a demência durante o follow-up em comparação com participantes sem anestesia.

Dr Sztark conclui que: "Estes resultados são a favor de um aumento do risco de demência vários anos após anestesia geral. Reconhecimento de POCD é essencial no manejo perioperatório de pacientes idosos. A longo prazo acompanhamento desses pacientes deve ser planejado. "

Bibliografia:  Avidan et al. J Alzheimers Dis 2011; 24: 201-16. André D et al. Ann Fr Anesth Reanim 2011; 30: 37-46.

Euroanesthesia 2013, Sir Robert Macintosh lecture, Anaesthesia and the lung: can oxygen be harmful?

Sir Robert Macintosh lecture: Anaesthesia and the lung: can oxygen be harmful?

Professor Göran Hedenstierna, Uppsala, Hospital Universitário de Uppsala, Suécia.

Este ano, a conferência Sir Robert Macintosh foi com o tema: anestesia e pulmão: pode o oxigênio ser prejudicial?

A anestesia geral reduz a capacidade residual funcional (CRF) e promove
colabamento das vias aéreas. A razão disto é a perda de tônus muscular respiratório que permite que as forças elásticas do pulmão puxem a parede do tórax, reduzindo o volume pulonar. A Resistência nos pulmões de pessoas saudáveis ​​pode, sob
anestesia, alcançar àquela de pessoas com asma moderada a grave. Comumente o oxigênio (O2) é respirado em altas frações inspiradas durante a indução da anestesia, e o aumento da concentração de O2 é dado durante a cirurgia para se reduzir o risco de hipoxemia. No entanto, o O2 é rapidamente absorvido, colabando as vias aéreas, causando colapso pulmonar (atelectasia) e shunt. A atelectasia ocorre em algum grau em 90% dos pacientes anestesiados e pode ser um locus para a infecção e pneumonia no pós-operatório. Hedenstrierna discutiu que as complicações pulmonares pós-operatórias foram encontrados em 2-20% dos pacientes após a cirurgia não cardíaca. E em um estudo retrospectivo enorme de 161.000 pacientes após uma cirurgia não cardíaca, pneumonia foi encontrada em 1,5%. "Isso pode não parecer terrivelmente alto, mas a mortalidade foi de 21% neste grupo", ou seja, 1/5 dos pacientes que complicaram com infecção pulmonar no pós-operatório foram a óbito.

Medidas para prevenir atelectasia e, possivelmente, reduzir as complicações pulmonares pós-operatórias são baseados em moderar o uso de oxigênio e preservação ou restauração da FRC. Pré-oxigenação com 100% de O2 causa atelectasia e deve ser seguido por uma manobra de recrutamento (inflação a uma pressão das vias aéreas de 40 cm H2O por 10 segundos e às pressões das vias aéreas superiores em pacientes com redução da complacência abdominal (obesos e pacientes com desordens abdominais). Pré-oxigenação com 80% de O2 pode ser suficiente na maioria dos pacientes sem aumento na dificuldade em gerir as vias aéreas, mas o tempo de hipoxemia durante a apnéia diminui de média 7-5 min. Uma alternativa, possivelmente desafiadora, seria a indução da anestesia com PEEP para se evitar a queda da FRC, permitindo uma FIO2 de 100%. A PEEP contínua de 7-10 cm de H2O pode não necessariamente melhorar a oxigenação, mas deve manter o pulmão aberto até ao final do anestesia. Uma concentração de oxigênio inspirado de 30-40%, ou até menos, deve ser suficiente se o pulmão for mantido aberto. "O objetivo do regime anestésico deve ser entregar um paciente sem atelectasia para a enfermaria pós-operatória e para manter o pulmão aberto ", disse Hedenstierna.

Foi tambpem abordado como a formação de atelectasia tem dependência crítica do oxigênio inspirado em altas concentrações crescentes na pré-oxigenação durante a indução da anestesia. "Mais uma vez, há forte
dependência do  oxigênio. Pacientes que receberam O2 a 100% durante 3 min tinham atelectasia, em média, em 10% da superfície do pulmão (o que corresponde a 15-20% do tecido pulmonar). Uma pré-oxigenação com 80% de O2, durante um tempo semelhante causa muito menos atelectasia, com uma média de 2% ", ele demonstrou com tomografias computadoridas de tórax. Baixas concentrações de oxigênio reduzem atelectasia ainda mais.

Professor Hedenstierna também descreveu o papel negativo da aspiração das vias aéreas frente ao processo pode promover atelectasia. "É minha opinião que a aspiração das vias aéreas pode fazer mais dano do que benefício e é altamente questionável. Pelo menos, deve haver uma indicação clara para ela. "

Professor Hedenstierna mostrou suas conclusões / recomendações:
1. Pré-oxigenação com 100% de O2 deve ser seguido por um manobra de recrutamento para reabrir
alvéolos colapsados​ ou a indução da anestesia deve ser feita com CPAP / PEEP para manter CRF (que permitiria 100% de O2, sem formação de atelectasia), alternadamente. Pré-oxigenação com 80% de O2 pode ser aceitável no paciente com pulmão normal, não obesos, sem dificuldade antecipada de uma via aérea, seguido de uma inflação suave do pulmão (menor tempo de tolerância à apnéia, mas mais fácil de abrir vias aéreas fechadas por alvéolos colapsados​​).

2. Recrutamento pela inflação do pulmão a uma pressão das vias aéreas de 40 cm de H2O durante 10 segundos em pulmão saudável, pacientes com peso normal e às pressões das vias aéreas superiores em pacientes com redução da complacência abdominal (obesidade e pacientes com distúrbios abdominais) após pré-oxigenação com 100% de O2 e cada 30 minutos ou um contínuo uso da PEEP de 7-10 cm H2O.

3. Baixa concentração de oxigênio inspirado, 30-40%, ou mesmo menos, se não há necessidade de maior concentração.

4. Alta Concentração de oxigênio inspirado deve ser dada apenas em conjunto com PEEP.

5. Alta oferta de O2 com ou sem uma manobra de recrutamento e com ou sem aspiração das vias aéreas não deve ser feito rotineiramente, mas sobre a indicação.

6. Entregar um paciente sem atelectasia na enfermaria de pós-operatório e manter o pulmão aberto.







Fonte: Euroanesthesia 2013