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domingo, 28 de junho de 2009
Bento Gonçalves
na contagem regressiva para ir a Bento Gonçalves, vou buscando dicas que podem ser úteis para a próxima viagem..
Pontos turísticos:
No googlemaps, a cidade parece ser pequena e tem características de uma cidade italiana encravada no sul do país. Coordenadas no GPS: 29° 5'47.55"S e 51°27'3.74"O
PIPA PÓRTICO
Ao chegar em Bento Gonçalves, o visitante literalmente está “entrando no mundo do vinho”. No acesso principal da cidade, um pórtico em formato de pipa, medindo 17 metros de altura, dá as boas-vindas ao visitante. A Pipa Pórtico, construída em 1985, é considerada o cartão de visita da cidade, substituindo a existente que era de madeira. Ao lado da Pipa Pórtico, está localizado o Posto de Informações Turísticas.
VINA DEL VINO
A Via Del Vino, localizada no centro da cidade, abriga a “Casa Del Vinho”, onde, em dias de Festa, acontece a distribuição do “Vinho Encanado”. O vinho sai das pipas e, através de canos, chega às torneiras de distribuição. Na Via Del Vino, defronte ao Palácio Municipal, está situada “La Fontana”, um chafariz onde jorra água na cor de vinho.
FERRADURA DO VALE DO RIO DAS ANTAS
Prensado por ambos os lados de montanhas o Rio das Antas forma um vale profundo ziguezagueado que se assemelha ao desenho de uma ferradura. O espetáculo da natureza pode ser conferido através de belvederes instalados ao longo da RST 470. O local fica a cerca de 14 quilômetros do centro de Bento Gonçalves.
MONUMENTO AOS IMIGRANTES ITALIANOS
O Monumento aos Imigrantes Italianos foi inaugurado em outubro de 2005, dentro das comemorações dos 130 anos da imigração italiana no Rio Grande do Sul, sendo a obra oficial alusiva à data. A escultura de autoria do artista plástico Gustavo Nackle Neffa é totalmente em bronze, pesando 121 toneladas. Além do valor artístico, o monumento homenageia o esforço e o trabalho de tantos homens e mulheres que dedicaram sua vida pra construir a grandeza do município de Bento Gonçalves.
Numa bela descrição seguem algumas dicas do blog viajeaqui:
"No Vale há 35 vinícolas, a maioria num raio de 30 quilômetros. Vinho e família andam juntos ali. Seja a empresa grande ou pequena, você é recebido por alguém entre a primeira e a quarta geração de uma família que tem o vinho, digamos, no sangue. E os laços de parentesco estendem-se além-vinícola. Há Valduga na Casa Valduga, mas também na Marco Luigi, Dom Candido, Vallontano e Torcello. Ali parente não é serpente. "Só brigamos em Gre-Nal", diz Mateus Valduga, da Vallontano, referindo-se ao clássico gaúcho de futebol Grêmio e Internacional. A estrada que corta o Vale é asfaltada, sem buracos, mas pisar fundo está fora de cogitação: ela é bem sinuosa. Aproveite e curta o visual de parreirais sem fim que a margeia. Ótimo mirante da região é o topo do Villa Europa, hotel que abrirá defronte à vinícola Miolo. Se entrar para apreciar a vista, pode ser difícil resistir ao spa, com tratamentos estéticos em que se utilizam derivados de uva.
Na Vinícola Salton há um dos melhores tintos brasileiros, o Desejo, e é também a mais cinematográfica vinícola do país. Do lado de fora estão um enorme relógio solar e um mosaico com, dizem, 600 mil cacos de cerâmica e mármore. Dentro, anda-se em passarelas sobre 260 tanques de inox gigantes, de formatos variados, num cenário de ficção científica. Lá pelas tantas, na área de engarrafamento, vi que os funcionários láááááá embaixo, pequeninos e uniformizados, pareciam os umpa-lumpas, os anões do filme A Fantástica Fábrica de Chocolate. Descemos então alguns lances de escada e chegamos à cave dos espumantes, oito metros abaixo do nível da rua. Naquele lugar sombrio éramos nós e 100 mil garrafas de cabeça pra baixo. Assim, as leveduras acumulam-se junto ao gargalo - e são depois descartadas.
Na Miolo, impressionante instalações (terreno em desnível para que as uvas, na parte alta, cheguem às máquinas sem contato humano, preservando sua qualidade) e profissionalismo (visita e degustação a cargo de uma sommelier). Adriano Miolo, enólogo-chefe, explicou-me que antigos vinhedos da região deram lugar a mudas certificadas da França, Itália, Portugal e África do Sul. Hoje muitas casas já exibem, como é a praxe internacional, o selo de indicação de procedência. A Miolo há cinco safras trabalha com um consultor de renome, o enólogo francês Michel Rolland, que já disse que "o Brasil tem potencial para fazer bons vinhos, mas não ótimos". Diz-se que do Vale jamais sairá um vinho de ponta por ser o solo ácido demais, em razão das chuvas.
Mesmo com todas as minhas provas, ainda não diferenciava os "paladares" e muito menos o tal buquê do vinho. Então decidi fazer o curso expresso de degustação da Casa Valduga. São apenas três horas de duração. Como a aula começaria às 9h30, hospedei-me na véspera em uma das quatro pousadas da vinícola (o curso está no valor da diária; não-hóspede paga R$ 30). O meu quarto, da ala Excellence, era grande, confortável e sem charme. Luxo, na Valduga, é a hospitalidade: no fim da tarde, levaram-me no quarto o menu da osteria do hotel. O que eu mais gostei foi o creme de cenoura, gengibre e mel da entrada. Ou terá sido o risoto de berinjela, alecrim e gruyère servido depois?
Bem, no dia seguinte apresentei-me ao meu professor, o enólogo Alexandre Mondadori. Era o único aluno. Ele me levou aos parreirais e à sala das barricas. Depois pegamos um carrinho elétrico para ver o processo de vinificação e, mais tarde, a bela cave. A última hora foi a da degustação. Recebi uma ficha de avaliação da Organização Internacional do Vinho e três cálices de tinto. Alexandre então pediu que eu identificasse visualmente qual era o mais jovem, o intermediário e o mais evoluído (em não-vinhês, velho). Ensinou-me a inclinar um pouco a taça, para que a luz a iluminasse melhor. Chutei que o mais jovem era o de cor mais brilhante, o mais velho, o mais escuro e o intermediário o meio-termo. Bingo! Acertei, mas usei as palavras erradas. Deveria ter dito "rubi", "rubi-violáceo escuro" e "vermelho-rubi".
Seguiu-se a esperadíssima hora do buquê, a análise olfativa. Aproximei a taça do nariz com o vinho parado, para identificar os aromas. Primeiro, o "jovem". Não conseguia identificar coisa nenhuma. Pensei em dizer "vinho", mas me contive. Alexandre soprou: "Flores... frutas... uva...". Uva... uva... Sim, achei a uva. Bom, mas também... Depois, no intermediário, ele propôs "fermentação, manteiga e queijo". Manteiga, sim, e até um parmesão, quem sabe. E no evoluído, "aromas oriundos do envelhecimento em madeira com 'notas' de baunilha, chocolate, cravo, canela... charuto". Xii. Madeira? Sim! Baunilha? Talvez. Charuto? No way. Depois girei a taça e tornei a levá-la ao nariz. Pareceu mesmo que os buquês sugeridos começavam a tomar forma. E então chegou o momento de beber os vinhos. Senti de cara um certo amargor na boca, que parecia se dissipar à medida que encontrava as "notas" (com ajuda do mestre, claro). Depois foi a vez de comer um queijo e provar a bebida, a "harmonização". A comida, sem dúvida, muda seu sabor.
Se, como eu imaginava no início, havia um truque que eu precisava aprender para o bem da degustação, não aprendi. Mas percebi que vinho exige uma fruição lenta e por todos os sentidos. Bem, a audição talvez não.
Nesse momento tive um flashback do filme Sideways, que se passa na região vinícola de Santa Barbara, na Califórnia. Miles, escritor frustrado, é louco por vinhos pinot noir. Num diálogo, sua amiga Maya pergunta:
"- Por que você gosta tanto de pinot?
- É uma uva difícil de cultivar. Amadurece cedo, não é uma sobrevivente como a cabernet, que cresce em qualquer lugar. A pinot necessita de atenção e cuidado [...]. E somente alguém que dedique tempo e atenção a ela é que consegue tirar sua máxima expressão. Mas e você? De onde vem o seu interesse por vinhos?
- [...] Gosto de pensar num vinho como uma coisa viva. Abrir uma garrafa de vinho hoje é diferente de abri-la em qualquer outro dia. Um vinho engarrafado está vivo, evolui e vai ficando mais complexo com o passar do tempo, até chegar ao seu ponto alto. E aí começa o seu constante e inevitável declínio."
Nessa hora pinta um climão, as mãos se encontram e sobe aquele pianinho de fundo. Ao falar de vinhos, Maya e Miles estão claramente falando deles mesmos.
De volta à Valduga, e sem que tivesse pintado qualquer clima entre Fabrício e Alexandre, saquei que era isso que ele buscava em mim. Puxar de algum ponto da minha memória gustativa o paladar que aqueles vinhos evocavam. Se naquele momento eu visse o meu próprio rosto, tenho certeza que veria um sorriso meio bobo, meio sei lá... homem-bouquet. Ao escrever essas palavras, tantos dias depois, até me emociono.
Deixei o Rio Grande com um merlot de notas sutis de baunilha, taninos macios e retrogosto prolongado na mala. De hoje em diante, ai de quem chegar lá em casa com uma garrafa azul."
Por: Fabrício Brasiliense | Foto: Marcelo Cúria / P2
Matéria publicada em Viagem e Turismo
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