quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

SÍNDROME DE IMPLANTE DE CIMENTO ÓSSEO

SÍNDROME DE IMPLANTE DE CIMENTO ÓSSEO
Pablo B Gusman*
Natal, CBA 2007


Introdução– O tratamento de fraturas de quadril objetiva o alívio da dor e a manutenção ou restauração do movimento. Por se tratar na maioria de doentes senis, algumas complicações indesejáveis podem ocorrer relativas à técnica e doenças associadas. 
Relato do Caso– Paciente de 80 anos, fratura de colo de fêmur, ICC grave, arritmias ventriculares, AVC isquêmicos, cifoescoliose. Monitorada com cardioscopia em D2-V, PANI, saturação de oxigênio (SatO2). Cursando com extrassístoles ventriculares, PA=180 x 100 mmhg, SatO2 92% em ar ambiente. Punção venosa 16 G em MSE. Programado duplo bloqueio. Em posição sentada, punção L2-L3 e L3-L4 com agulha 18G sem sucesso. Optado por raquianestesia com agulha 25G, mas sem sucesso. Paciente apresentando quadro de hipotensão, palidez cutâneo-mucosa, sudorese, queda do nível de consciência. Melhora à hidratação venosa e Efedrina 10 mg EV. Opção por anestesia geral venosa e inalatória. Indução com Fentanil, Etomidato, Atracúrio. IOT sem intercorrências, tubo 8,0, sem alterações hemodinâmicas significativas. Ato cirúrgico evoluiu sem intercorrências, perda sanguínea estimada em 400 ml, hemodinamicamente estável, SatO2 > 95%, diurese 1 ml/kg/hora. Após administração do cimento ósseo, paciente apresentou quadro de hipotensão, tratada com efedrina em duas administrações de 10 mg, cursando com bradicardia sinusal. Administrado atropina 1 mg, mantendo hipotensão e bradicardia. Instalado Dopamina doses α e β. Parada cardíaca em atividade elétrica sem pulso. Iniciadas manobras de reanimação, mantido Dopamina dose α. Feito adrenalina. Reversão para ritmo de taquicardia sinusal, com extrassístoles ventriculares freqüentes. Instalado Lidocaína em infusão contínua, após bolus inicial. Mantida em ventilação mecânica controlada, FIO2 100%, infusão de Dopamina doses α e β, apresentando PA = 190 x 110 mmHg, taquicardia sinusal, SatO2 98%. Transcorridos 30 minutos após episódio de hipotensão inicial, paciente apresentando BAVT, ritmo de 30 bpm e novo episódio de hipotensão refratário ao uso de Dopamina e Efedrina. Iniciadas manobras de reanimação. Passado marcapasso intracavitário por punção de veia subclávia esquerda, sem resposta mecânica a estímulo elétrico. Constatado óbito 1 hora e 30 minutos após instalação do cimento intraósseo. 
Conclusão: Alergia ao cimento ósseo polimetil metacrilato ou a seus componentes é comum, associado à morbidade dos pacientes senis candidatos ao seu uso. A identificação de pacientes alérgicos pode ajudar a prever graves acidentes. 
Referências – 1. Kaplan K et alli. Preoperative identification of a Bone-Cement Allergy in a patient undergoing total knee arthroplasty. Journal of Arthroplasty,2002;17(6):788-91.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário