quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Oxigênio, desafios de nosso dia a dia!


A obra Oxigênio da escritora e médica anestesiologista, Carol Cassella, é sem dúvida merecedora do título de Best Seller, ao qual já lhe foi conferida. Através de narração de fácil entendimento e bem escrita ela consegue tratar, com maestria, sobre os desafios que um médico anestesiologista enfrenta em seu ofício diário e ainda relatar as hierarquias dos grandes hospitais e as constantes ameaças dos processos judiciais por erros médicos. É, ao meu ver, um motivador, e uma verdadeira aula para aqueles que desconhecem a importância que esse especialista médico possui no controle e no sucesso de uma cirurgia.

A responsabilidade deste profissional, que além de médico, é ser humano como qualquer mortal, possui família, tem preocupações, medos, anseios é infinitamente superior a qualquer vontade de se tornar apenas um médico é, acima de tudo, um dom, uma filosofia de vida. No livro, a autora conta a vida de uma anestesiologista de Seattle (EUA), Dra. Marie Heaton, que no auge da carreira vê sua vida transformada em pesadelo, após um erro médico. O leitor, então pode ter dimensão do quão importante é a decisão e a atuação do anestesiologista no sucesso e no resgate à vida.

O leitor tem a oportunidade também de acompanhar a realidade das salas de cirurgia e se envolver com as dificuldades, alegrias, tristezas, tensões e vitórias vividas em cada caso, em cada cirurgia em particular. “Se eu abandonasse meu paciente – engolido pelas profundezas de seu sono enquanto a asfixia colore as veias azul – os lábios ficariam roxos, a pele rosada passaria a cinza e a batida firme bip, bip bip, do monitor cardíaco iria esmorecer, depois vacilar. Como uma ruína arqueológica o cérebro morreria em camadas: personalidade, memória e movimentos entrando em colapso como tijolos de uma construção antiga até a pulsação da respiração e do sangue pelo tronco cerebral se interrompem”.

Dra. Marie Heaton vive a triste experiência de presenciar a morte de uma criança de apenas oito anos. Ela sai para almoçar e deixa, por apenas 20 minutos decisivos, a criança Jolene sob os cuidados de Dr. Brad profissional recém formado em residência médica. Após retornar, Brad parece aliviado e a tensão na sala começa. “Os batimentos do coração de Jolene aceleram e a pressão sanguínea sobe, sinal de que, por baixo da camada de inconsciência, seu corpo está reagindo à dor.” Ao longo de anos de profissão Dr. Heaton jamais tinha vivido uma experiência como aquela e relata sua decepção e angústia por vivenciar este momento tão triste. “Tenho que olhar novamente para ela, essa criança, ainda conectada a fios e monitores, o tubo respiratório ainda preso a seus lábios, os braços estendidos com as mãos para cima para acessar suas veias deitada numa pose de súplica. Já presenciei a morte de muitas pessoas desde que deixei a faculdade de medicina, mas quase todos os pacientes chegavam ao fim de uma vida de companheirismo ... O sentimento de incongruência ao ver a máscara da morte se apresentar sem rugas ou cabelo branco é total.”

O sentimento de ser a médica Marie Heaton e a mulher Marie Heaton neste momento se confundem. Manter a calma, a frieza para pode explicar a mãe da vítima Bobbie Jansen, sobre o ocorrido não é fácil. Avisá-la de que a morte da filha não tem a ver com complicações cirúrgicas. Conseguir separar emoção e profissionalismo em uma hora tão triste como essa é um verdadeiro desafio. No relato emocionante da médica, o leitor consegue entender um pouco do ser humano que o profissional é. Embora a notícia seja dada com tanta frieza, com tanta distância, o médico também sofre, chora, se culpa e questiona. É possível que ele enfrente o luto quase tão difícil quanto a família. É uma oportunidade de conhecer o outro lado, o daquele que assim como a família sofre também, compartilha com a dor e tenta entender o que aconteceu. Aliado a todo problema profissional, a médica também vivencia a inesperada doença de seu pai e precisa fazer escolhas em sua vida. Sua profissão fica abalada e ela precisa saber conciliar tudo para seguir em frente.

Com todos esses desafios, “o melhor amigo de Marie, Dr. Joe Hillary, torna-se seu confidente mais próximo. Lutando para salvar sua carreira e reputação, Marie precisa encarar duras verdades: o caminho que escolheu para si, as pontes que destruiu e os colegas e superiores a quem ela, descuidadamente, tomou por amigos. Com sua vida cuidadosamente estruturada entrando em colapso, Marie confronta questões de amor, traição e laços familiares”.

Boa leitura!
Mais detalhes, acesse aqui: OXIGÊNIO

O livro foi gentilmente cedido pela Editora Nossa Cultura (@NossaCultura) para leitura e análise.